Sempre achei uma grande baboseira quando as pessoas falavam que o mundo estava de portas abertas para nos receber, quer éramos livres e blá, blá, blá. Afinal, pra quem está apegada ao mundo que tem, pouco se lembra de que existe “vida lá fora” e que sim, o universo pode ser um mar de possibilidades disponível pra qualquer um mergulhar.
Daí, claro, o tempo passou e entendi que era realmente verdade esse negócio de mundo de portas abertas e da liberdade trancafiada que cada um trás consigo.
Me lembro de quando decidi que iria curtir um pouco dessa tal liberdade. Em 2010 decidi que conheceria um lugar diferente por mês em minha cidade. Isso me rendeu coragem pra sair de casa sozinha, festas e festivais que eu não conhecia ninguém, mas que sempre tivera curiosidade. Isso me fez também conhecer boa parte dos lindos parques e praças que há por aqui e me tornar a freguesa “vip” de um bar no qual eu passava todos os dias depois do trabalho pra beber e conversar com os/as funcionários da casa. Recordo-me do primeiro dia dessa empreitada. Cheguei num festival de rock, observei o pessoal e cheguei numa turma que eu acreditava estar mais aberta com a seguinte apresentação: “Oi, meu nome é Camila, é a primeira vez que venho aqui e vim sozinha. Posso ficar junto com vocês?”. A resposta foi uma sincera risada de sim e parece que depois daquilo, nunca mais parei de ouvir um sim do mundo a cada coragem que eu me permitia.
Hoje eu conheci o projeto Open Doors, da carioca Aline Campbell. O desafio que a Aline se propôs foi bem mais ousado que o meu. Ela decidiu viajar pra Europa. Comprou a passagem de ida e volta e embarcou, SEM UM TOSTÃO NO BOLSO. E na Europa ficou por 92 dias, passando por 13 países e 30 cidades dentre elas: Amsterdam, Berlim, Paris, Londres, Veneza, Budapeste, Praga e Viena. No vídeo no qual conta sua empreitada, Aline relata sobre as caronas que pegou, das refeições que ganhou e como coisas incrivelmente boas aconteceram por ela simplesmente acreditar e confiar nas pessoas. O objetivo de Aline era estar num lugar totalmente novo, confiando somente no poder das relações interpessoais.
Particularmente, achei um máximo o desprendimento e coragem. Eu não faria igual. Iria sem nenhum tostão no bolso, mas tentaria bicos para conseguir grana para me manter (ao menos no quesito alimentação). Acredito na capacidade de bondade que todo ser humano tem, mas o meu álter ego, que tem horror a dependência, é “escoração” demais depender só da bondade das pessoas para se manter (mesmo que seja para um projeto assim). Mas é válido como exemplo e inspiração.
Mas será que precisamos fazer como a Aline e ter que viajar para o outro lado do oceano para descobrir que as portas do mundo estão abertas para nos receber?
As maçanetas da vida às vezes estão a um “Olá” de distância.
Confira a história de Aline.
Para conhecer mais o projeto, acesse a página no Facebook: https://www.facebook.com/opendoorsalinecampbell