Gostamos de boas ações. Além de inspiradoras, elas diminuem nosso lado pessimista, nos confortam e renovam as esperanças em tempos onde os noticiários estão cheios de histórias chocantes, violência e injustiça social.
Talvez você corte a fila do ônibus, talvez caia na tentação de ocupar o assento preferencial. De repente você tenha percebido o troco a mais e tenha saído de fininho ou simplesmente seja desses que passam pela rua sem perceber um mendigo tremendo em uma noite de inverno qualquer.
Independente dos seus pecados, você também gosta de se deparar com boas ações. Todo mundo gosta e a maioria de nós promete para si mesmo fazer alguma coisa. Não hoje, que o tempo está curto e a grana anda mais curta ainda, mas um dia nós faremos alguma coisa!
Se identificou? Eu também.
Estava pesquisando boas ações no intuito de relatar algumas delas quando minha linha de pensamento voltou-se para esse ponto: o que a gente não faz.
Não falo de grandes coisas, aquelas que exijam profunda dedicação. Parássemos para pensar, veríamos que um pouquinho a cada dia renderia muito!
As pessoas estão desacostumadas com pequenas gentilezas. Se um estranho nos sorri, a gente desconfia… Não seria muito mais simples sorrir de volta?
Alguns anos atrás eu soube de uma garota que saía do trabalho no começo da noite e se deparou com outra aos prantos, sentada na calçada. Quantos iriam embora perdendo menos de 5 minutos em tentar imaginar o motivo daquelas lágrimas?
Ela se aproximou, ofereceu ajuda e se dispôs a ouvir a história da chorona. Descobriu que naquela noite chuvosa a fulana mal sabia para onde ir: morava n’outra cidade e tinha ido pra lá por impulso, na tentativa de consertar uma relação que já não tinha conserto.
Bobagens de amor, aff! Sim, bobagens de amor! Mas quantas vezes a gente já não achou que o mundo acabaria por uma dessas bobagens? Aliás, os detalhes nem cabem aqui, mas no meio dessa ladainha romântica tinha muuuito pepino!
Eis que a tal moça de alma caridosa não só cedeu o ombro para a outra, como a guiou pela cidade até colocá-la no ônibus de volta pra casa.
Uma bobagem. Uma bobagem que levou mais de 3 horas. Uma bobagem que talvez tenha sido um pequeno curativo para o coração da outra. Uma boa ação.
Isso aconteceu há uns 5 ou 6 anos e eu ainda me sinto grata à Karla, a pessoa que me estendeu a mão naquela noite chuvosa.
Não era uma situação de risco e não quero supervalorizar (nem mesmo quero detalhar) o que houve comigo, mas a humanidade e preocupação com que a Karla me tratou naquele dia, quando tudo parecia nebuloso, me salvaram da angústia – e isso é uma boa ação.
Na ausência de tempo e dinheiro para fazer “grandes coisas”, realize pequenos atos. Eles podem ser enormes de acordo com a necessidade de alguém.