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Você decide o seu futuro – A história de Cornel Hrisca-Munn

E depois de beber todas no sábado, você acorda domingo e projeta: “segunda eu paro de beber e começo a dieta”. E repete essa rotina no outro final de semana.

Ou aquela pessoa que você sempre esteve interessada está online para conversar e você fica horas pensando no que dizer… Mas não escreve nada. “Amanhã, amanhã eu falo com ela, se ela estiver online de novo.”

Ou então você ganha um violão novinho e pensa: “preciso aprender a tocar, começo amanhã!”. O amanhã nunca chega e o violão ainda acumula poeira dentro do armário.

Não sou um grande adepto de posts com teor exclusivamente “motivacional”, mas abro uma exceção porque me deparei com um desses vídeos virais que me fez repensar muitas escolhas na minha vida.

(Um adendo pessoal antes de continuar: aos que não sabem, eu toquei bateria por muitos anos como hobby. Minhas bandas raramente tocavam em público, quase sempre por falta de tempo, dinheiro, oportunidade – ou talento mesmo. Mas nos divertíamos muito, e isso já bastava na época.  Em 2009, me “especializaria” no cajón, instrumento peruano de percussão que me acompanha há quase cinco anos com a Dois a Rodar, meu último projeto musical. Mas nunca estudei nenhum desses instrumentos, ou teoria musical como um todo. Não porque eu não achava necessário, mas porque parte de mim pensava que o investimento não valeria a pena, e a outra parte pensava que eu, de qualquer forma, nunca seria suficientemente bom pra viver de música. Ainda espero estar errado. Mas voltemos aos vídeos do qual eu falava.)

Seus vídeos já circulam pela internet desde o ano passado, mas tenho certeza que muitos ainda não conhecem a trajetória de vida de Cornel Hrisca-Munn.

Hrisca-Munn nasceu em 1991 sem os dois antebraços e com uma das pernas deformadas. O médico não se preocupou em fazer a certidão de nascimento, pois ele teria apenas dias de vida. Desesperada, a mãe o tirou do hospital assim que pôde para levá-lo a um orfanato romeno, onde o bebê que ainda nem havia mamado pela primeira vez conheceu seus novos colegas de quarto, outros recém-nascidos e crianças com deformidades que também foram renegadas pelos pais e deixadas ao destino.

Avançamos sete meses nessa história, quando o menino, que continuava vivo, batalhando contra o tempo, chamou a atenção de um médico que, por acaso, visitava o orfanato e conseguiu tirá-lo de lá para cuidados médicos em um projeto social britânico que, também por acaso, também estava por perto.

Esse cara foi negado à vida  antes mesmo de aprender a engatinhar (será que ele conseguiria, deformado como é?), antes mesmo de aprender a falar (e o que ele falaria, já que seus pais o abandonaram em questão de minutos?), antes mesmo de ter o poder de tomar qualquer decisão. E, ainda nessa condição, a chance de viver foi trazida de volta a ele.

E ele aproveita cada segundo até hoje.

Avançamos mais dezoito anos na história, época em que Cornel entrou na Keble College, em Oxford, pra estudar filosofia e teologia, e onde, logo depois, juntou-se à orquestra de jazz para tocar bateria.

Sim, você leu certo. Não, eu não estou inventando. O menino sem os dois antebraços e com uma perna quase inválida, o menino que tinha tudo para não ser lembrado por ninguém, agora toca bateria. E contrabaixo.

E eu já mencionei que ele é espetacular tocando?

Apesar de nem todas as consequências e adversidades surgirem por nossa culpa, ainda somos nós que temos que lidar com as consequências. No final do dia, só você pode controlar a sua própria vida.

Também é só você quem pode criar as suas próprias desculpas, mas, no final do dia, só você vai achar que ainda tem o direito de reclamar da vida. Nunca se esqueça disso.

E então? O violão vai continuar empoeirado depois de hoje?

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