Sempre gostei de filmes musicais sem mesmo entender que eram filmes musicais, presente da minha mãe, que cantarolava aquela música do “Dó, um dia, um lindo dia” em que Maria von Trapp ensina música para as crianças na dublagem antiga de A Noviça Rebelde [The Sound of Music]. Les Miserábles
E não foi só o filme da noviça que fez parte da minha infância. Mary Poppins, A Verdadeira História de Papai Noel, Peter Rabinho de Algodão, Labirinto, A Lenda da Rena do Nariz Vermelho, Oliver Twist e A Fantástica Fábrica de Chocolates eram escolhas frequentes nas locadoras para os finais de semana. (Sim, nos anos 80, os filmes tinham que ser alugados em VHS).
Some a isso a oportunidade de ter crescido em meio a retomada da Disney, quando seus filmes deixaram de cantarolar e começaram a criar números musicais de verdade. Caso da Pequena Sereia, Rei Leão, Aladdin e a Bela e a Fera (lembro que saí do cinema adorando o Gaston após ouvir Lefou cantando tantas coisas boas sobre o vilão). Também assisti no cinema o incrível Evita e saí do cinema direto para a loja de CDs [mais coisa dos anos 90] para comprar a trilha sonora.
Até então nunca tinha assistido uma grande produção musical no teatro e decidi conhecer. Na ocasião, começaram a exibir a ópera La Boheme e fui assistir. Como é uma ópera e não um musical, confesso que na época me decepcionei um pouco, mais pela expectativa de ver gente dançando e cantando como em Evita do que pela peça em si. E nessa época, meu interesse por musicais diminuiu…
Até que estava ouvindo uma rádio aqui de São Paulo que estava patrocinando a peça de abertura do Teatro Abril. O ano era 2001 e a montagem em questão trazia um dos maiores clássicos da literatura: Les Misérables. Participei de uma promoção ligando para a estação e ganhei dois convites.
Não sabia o que me esperava no teatro e talvez nem teria ido se não fosse a noite de estreia, mas quando as luzes se apagaram, fui transportado para Paris através da música. Não acreditava como tão pouco podia criar cenas tão incríveis e complexas, que muitas vezes fazia com que eu não acreditasse estar num teatro.
O que se passou dentro de mim depois daquela apresentação é até difícil descrever. Passei a procurar o gênero nos mais diversos tipos de montagens. Assisti todos os musicais lançados no mesmo teatro depois daquele dia – exceto Miss Saigon, que não consegui me programar na curta temporada e perdi.
Vi a Bela com a incrível Kiara Sasso e o melhor Gaston de todos os tempos interpretado por Daniel Boaventura, Danielle Winits cantando muito como Velma Kelly, conheci o Fantasma da Ópera – e só consegui ouvir a música do Emilio Santiago em All I Ask Of You :p – Sasso de novo em Mamma Mia, uma nova Bela com Lissah Martins, Daniel Boaventura como Gomez Addams e tantos outros que fica difícil lembrar de memória.
Também aproveito viagens ao exterior para conferir apresentações com outros sotaques, como foi o caso de A Bela e a Fera que vi em italiano e espanhol, O Fantasma da Ópera e Chicago. Ah, sem contar na melhor apresentação de Mamma Mia! de todos os tempos, no Teatro Opera de Buenos Aires, onde todos os hermanos levantavam, cantavam e dançavam a cada cena musical.
Bem, tudo isso foi para apresentar a nova seção que teremos aqui no blog, cheia de inspiração e música, em qualquer mídia escolhida para bons musicais.
Vem cantar com a gente!