Saber dosar as cobranças é uma benção. Sobretudo quando estamos falando da autocobrança.
Se tem uma coisa que a vida ensina, é que precisamos ser tolerantes, especialmente com nossos próprios defeitos.
Autoperdão é uma das coisas mais raras do mundo, do tipo que só se adquire com amadurecimento. Como diria São Francisco, “paciente é quem consegue se suportar”.
No fim das contas a impaciência não passa de um dos sintomas do perfeccionismo.
Vivemos em um mundo cada vez mais imperfeito, mas nos acostumamos a exigir padrões altíssimos. Queremos que o trânsito, o wi-fi, o humor alheio e a vida fluam da maneira mais conveniente, como se viver tivesse alguma coisa a ver com conveniência.
Quanto mais nos damos conta de que a vida é um vai e vem desorganizado e cheio de situações imprevisíveis, mais exercitamos a paciência e nos preparamos para pequenos tropeços.
Aceitar as reviravoltas da vida começa com a aceitação das nossas próprias reviravoltas. A compaixão começa em casa e, nesse caso, a casa somos nós.
Quando nos cobramos demais, nos submetemos ao inflexível e crítico monstro da autodepreciação.
O perfeccionismo é uma droga porque ao invés de assumir erros, rir e aprender com eles, o perfeccionista entende aquilo como algo inaceitável e finge que nunca aconteceu.
Lide consigo mesmo como uma mãe lida com o filho. Dê carinho e aceitação. Acolha. Ensine.
Compaixão implica assimilar a dor dos outros, e isso só pode ser feito quando assimilamos nossas próprias dores.
Tenha expectativas, mas não deixe que elas cresçam além dos seus sonhos. Expectativas são bichinhos traiçoeiros e capazes de devorar sua paz de espírito.
Venda-se para você mesmo. Elogie seus avanços. Aceite o velho clichê: para amar os outros você precisa começar amando a si mesmo.
Primeira lição (e única): não diga que é perfeccionista, nem mesmo em uma entrevista de emprego. Perfeccionistas são neuróticos, patológicos, sem coração. Perfeccionistas são chatos!