As princesas da Disney vivem histórias que se tornam modelos para crianças e isso é inegável.
Afinal, além da magia de uma fada madrinha ou de encontrar o amor nos olhos de um monstro, quem não quer viver uma aventura, conhecer um príncipe bonitão e ser feliz para sempre?
As princesas de Walt Disney representam bem tudo isso: o fantástico e a felicidade eterna. E por mais que a fórmula esteja batida, o estúdio sabe como ninguém como alterar a velha receita para encantar as novas gerações, afinal já são 11 princesas oficiais.
Mas mais que representar sonhos de uma geração, as princesas seguem por fases que podem ser bem divididas de acordo com o período em que seus filmes foram lançados. Falamos sobre essas características e separamos as personagens em três grupos.
Branca de Neve foi a primeira princesa Disney. Lançado em 1937, o filme traz uma mulher encantadora, frágil e submissa que é totalmente dependente dos outros. Ao ser jurada de morte, é salva pelo remorso do caçador e depois pela receptividade dos anões, de quem se torna dona-de-casa.
Por sua ingenuidade, cai na lábia da bruxa, é libertada por um príncipe e se casa após um beijo de amor, mesmo sem conhecê-lo.
A doce Cinderela, que já falamos aqui. Submissa, bondosa e conformada, é uma representação da Amélia de Mario Lago. Sofre quieta e aceita até não ir ao baile que tanto desejava. Sua sorte é ser salva por sua fada madrinha, conquistar o príncipe mudo e ter o menor pé do reino.
A Bela Adormecida canta e dança pelo bosque quando encontra seu príncipe, por quem se apaixona à primeira vista. Isso acontece no mesmo dia em que completa 16 anos, descobre que é uma princesa, espeta o dedo na roca e cai em sono profundo.
E não é que o tal do príncipe, que a viu apenas uma vez, vem salvá-la? Com ajuda das fadas, transpõe os obstáculos do castelo, a bruxa Malévola em forma de dragão e finaliza seu heroísmo dando um beijo na princesa adormecida, que acorda – junto com todos os habitantes do reino – para ser feliz para sempre.
O que podemos ver nessa época, é que as mulheres só podiam ser salvas por homens – e um casamento. As primeiras princesas também traziam traços de beleza realista em meio a personagens caricatos, como os anões com quatro dedos e meia-irmãs narigudas.
As princesas foram deixadas de lado pelo estúdio, que passou a investir em animações para a família como 101 Dálmatas, O Livro da Selva e Robin Hood.
O retorno das princesas aconteceu em 89, com Ariel em A Pequena Sereia. Atualizada à sua época e deixando o conceito Branca de Neve de lado, a ruiva sonha com um mundo diferente do que vive e se sacrifica, entregando sua voz, para encontrá-lo.
Da realeza do fundo do mar à realeza no mundo real, Ariel descobre o amor se relacionando com Eric e se casa, para viver o seu feliz para sempre.
Bela também sonha com um mundo maior, mas renuncia aos seus sonhos ao trocar de lugar com seu pai e ser mantida presa por um monstro terrível.
Após conhecer melhor o monstro e ver que não era de todo feio, a garota assume o papel do príncipe de A Bela Adormecida e salva a todos os súditos do castelo ao descobrir o amor.
Jasmine é a sexta das princesas. E a primeira a usar calça! Assim como Aurora e Ariel, vem de berço real. Em sua busca por conhecer a vida fora do castelo, conhece o ladrão Aladdin, por quem se apaixona após conhecer melhor.
Pocahontas nunca foi princesa, mas ganhou esse status ao viver a personagem título de uma das produções mais prestigiadas do estúdio. [para se ter ideia, entrou em produção junto com Rei Leão, e os melhores animadores escolheram trabalhar no filme da indiazinha, ao invés da produção com animais falantes que se tornou um dos maiores sucessos do estúdio]
Corajosa, é uma mulher forte que, alinhada com a natureza, luta contra o preconceito e, mesmo após ter sido prometida em casamento por seu pai, luta pelo seu amor, o colono John Smith. Ao final da história, a primeira princesa americana escolhe ficar com seu povo, enquanto Smith retorna pra Londres.
A chinesa Mulan fecha essa fase como a mais valente das personagens já criadas pela Disney. Se sentindo desconfortável com a condição de mulher na China, assim como Bela, se sacrifica por seu pai, assume o papel de Ping e vai pra guerra.
Ao ser liderada pelo filho do imperador, cria um laço de afeição com seu líder, que após descobrir a verdade sobre seu gênero, a pede em casamento.
Nessa segunda fase, a busca por aventura, sacrifícios pessoais e protagonismo refletem a luta das mulheres por espaço, além do surgimento e fortalecimento de movimentos feministas nos EUA e mundo. Também temos a globalização, que fortalece a busca por histórias em outras culturas, como a árabe e a chinesa.
Se a fase anterior termina com a perda da vaidade e heroísmo, essa retoma a feminilidade, aplica a auto-suficiência da mulher na sociedade e foca em sonhos mais possíveis.
Tiana retoma o sonho da princesa, após o estúdio passar 11 anos de continuações para suas princesas em home video e animações 3D próprias e em parceria com a Pixar.
De origem humilde, a protagonista de A Princesa e o Sapo é uma representação dessa nova fase: trabalha em dois lugares para guardar dinheiro e realizar o sonho de montar um restaurante, conhece um príncipe falido e bon vivant, se apaixona por ele após conviverem como sapos e seu felizes para sempre é repleto de trabalho com seu novo amor real.
Enrolados traz outra princesa dos clássicos infantis repaginada. Rapunzel encontra na arte, uma forma de escapar de sua prisão. Até que o mundo externo vem ao seu encontro na figura do ladrão Flynn, por quem após a convivência se apaixona.
Um detalhe interessante é que mesmo tendo perdido os cabelos longos no seu felizes para sempre, a Disney a retrata com o cabelo característico da personagem.
Mérida, da animação Valente, foi a primeira a entrar no seleto grupo de princesas Disney vinda de outra produtora, a Pixar. É a representação de que a mulher pode ser o que quiser.
Para fechar, temos duas personagens na maior bilheteria da história da animação. Ainda não coroadas pela Disney, ninguém duvida que as irmãs serão oficializadas como décima segunda e décima terceira princesas, [mesmo que Elsa seja rainha] já que Frozen é uma resposta a todas as princesas anteriores que precisaram encontrar seus homens e casar para encontrar a felicidade.
Desde o começo Elsa se posiciona contra o casamento da irmã, que se encanta com um pretendente e, tal como um Cinderela, já sonha com o casório. Cantar “let it go” depois de tantos filmes que trouxeram o Felizes para Sempre como única resposta, é uma forma de libertar as gerações que cresceram sonhando com isso.
Anna também reflete a ilusão e expectativa de uma geração conectada, que se apaixona por perfis, namora por whatsapp e termina relacionamento atualizando status em redes sociais.
É a evolução do termo princesa e a adequação aos dias de hoje, quando uma mulher não almeja mais a coroa para encontrar a felicidade.