“E os namoradinhos? E o primeiro filho? Quando o fulaninho terá um irmãozinho?”. As pessoas adoram impor ausências na vida alheia.
É científico: a gente nasce, cresce, se reproduz e morre. Mas espera aí! Por que essa tendência cada vez maior de ignorar o que acontece entre nascer e morrer?
E o primeiro cobertorzinho, os colegas de escola, a primeira vez, os caras filhos da puta que passaram pela sua vida antes que você encontrasse a pessoa certa?
O que houve com os natais em família, com aquela viagem sensacional e inesquecível, com tudo o que é importante e que faz de você único e especial?
Vivemos conectados através dos celulares e cada vez mais desconectados uns dos outros.
É possível que a gente saiba a cor da calcinha da garota que acabamos de conhecer pelo Tinder, mas talvez jamais nos interessemos em saber qual é o filme predileto dela, se prefere o bife bem ou mal passado, se já fez alguma cirurgia ou se ela morre de medo de sangue.
Estamos imediatistas como as notícias dos portais, instantâneos e fugazes, carentes, de coração partido, mas pouco dispostos a colar os corações alheios.
Em nome de um futuro com menos likes e mais abraços, que tal perguntar menos pelos namoradinhos e mais pelos sentimentos?