O Livro de uma Sogra, de Aluísio de Azevedo, não é apenas um livro de estória. Ou ao menos para mim não foi, aprendi muito com ele, e gostaria de falar sobre esses ensinamentos.
Recebi a indicação desse livro quando deixei de acreditar em relacionamentos. Óbvio que era muito jovem na época, mas mesmo depois de 14 anos, não consigo esquecer seu conteúdo.
“O casamento desvirtua o espírito do amor, tão puro e tão elevado… O matrimônio carnal é incompatível com a sagrada amizade, com a verdadeira dedicação, porque vive dos sentidos e não do sentimento… O grande erro do casamento vulgar o que o torna insuportável, é pretender aliar o instinto da procriação com o sentimento do amor ou da amizade, que nada tem a ver com ele e até o repele”.
Não sei o motivo, mas isso acontece. Talvez por acostumarmos, perdemos o interesse.
Deixamos de ser namorados quando casamos, deixamos de ser amantes quando nos tornamos pais e sucessivamente…
Mesmo com ações erradas, essa sogra fez o que podia para manter o casamento da filha.
Para essa sogra do livro, o casamento tornava as pessoas mais próximas e com isso, por conhecerem os defeitos do par, o glamour do namoro acabava.
Em sua última fala, pouco antes de morrer, a sogra deixa sua lição:
“‘A vida é o amor, e o amor não é só a procriação. Vá cada um de vocês dois, meus filhos, buscar o esposo da sua alma, fora e bem longe do leito matrimonial, com os olhos bem limpos de luxúria, com a boca despreocupada de beijos terrenos, com o sangue tranqüilo e o corpo deslodado das lubrificações carnais’! Minha filha — toma um amante — para teu espírito! Meu filho — elege uma amiga — para o teu coração de homem!”
Para a adolescente revoltada que era ao ler esse livro, entendi o motivo de muitos relacionamentos “amigos” dentro de casa e “traidores” na rua. E entendi também que não há regras no amor. Nem para o amor próprio e nem o romântico.
Há quem seja amante e amigo de seus pares e há quem separe cada um desses sentimentos para pessoas distintas.
Basta encontrar suas compatibilidades.