Que a novela Roque Santeiro é um dos maiores sucessos da história da TV Brasileira, todo mundo sabe, afinal a história da cidade de Asa Branca foi uma unanimidade no Brasil entre 1985 e 1986, ao ponto da Globo registrar 95 pontos de audiência em seu capítulo final. Musical Roque Santeiro
O que nem todo mundo sabe é que a música estava em sua essência desde que foi concebida por Dias Gomes em 1963. Criado para ser uma peça musical, o espetáculo “O Berço do Herói” seria encenado em 1965 com direção de Antonio Abujamra e música de Edu Lobo, mas infelizmente a ditadura censurou a montagem.
E foram necessários mais de 50 anos para Sinhozinho Malta, a viúva Porcina e cabo Roque subirem aos palcos para cantar e conquistar mais um tanto de gente.
Dirigido por Débora Dubois adaptando o material original de Dias Gomes, Roque Santeiro é um musical divertidíssimo, que pega os elementos de cada personagem e reinventa a história, fugindo da ideia de remake atrelada ao nome da peça.
Se você não conhece a história, a pequena cidade baiana de Asa Branca prospera após o reconhecimento do herói cabo Roque, um pracinha que virou lenda após morrer como mártir durante a segunda guerra. Tudo vai bem para os cidadãos de Asa Branca, até que Roque reaparece na cidade.
Com um elenco de 13 atores encabeçados pelo excelente Jarbas Homem de Mello que vive Chico Malta e Livia Camargo [Vinicius de Vida, Amor e Morte] como a viúva Porcina, toda a cidade é representada no musical.
O prefeito Florindo Abelha é vivido por Dagoberto Feliz [do Grupo Folias], Edson Montenegro [Sweet Charity] é o padre Hipólito, Luciana Carnieli [Lampião e Lancelote] é a dona do bordel Matilde e Yael Pecarovich e Giselle Lima são as prostitutas Rosali e Ninon.
Além deles, alguns moradores ilustres como Nábia Villela [Urinal] como a mulher do prefeito Dona Pombinha, Mel Lisboa [Rita Lee Mora ao Lado] como Mocinha, Samuel de Assis como Zé das Medalhas, Cristiano Tomiossi dividindo-se como o professor Astromar e o general e, claro, Flávio Tolezani como o santo Roque. Para completar, o ator e músico Marco França toca, canta e interpreta o divertido Toninho Jiló, que se aproveita dos turistas para vender itens que pertenceram a Roque.
Toninho é uma das pontes entre a história e a música. Com direção musical de Zeca Baleiro, a brasilidade fica clara logo na cena inicial com Não são os Heróis que fazem a História. Baleiro, que musicou algumas letras do original de Dias Gomes, presenteia o espectador com músicas que divertem tal como o espírito da peça. A qualidade das músicas da produção mostram que o músico tem entendido o teatro musical e traz composições exclusivas que diferem da maioria dos musicais assinados por aqui.
Mas não são apenas músicas inéditas que nos acompanham na história de Asa Branca. A novel foi homenageada de forma inteligente, com Dona [tema de Porcina do grupo Roupa Nova] e Roque Santeiro, de Sá e Guarabyra.
Vale dizer que as situações criadas pela história escrita na década de 60 se mostram atuais nos dias de hoje, o que provoca até uma reflexão: fomos nós que não mudamos ou os grandes clássicos permanecem?
Com cenários enxutos, interpretações marcantes e música que te farão cantar junto, Roque Santeiro é teatro musical da melhor qualidade.
Para quem conhece a história e para quem quer conhecer.
Roque Santeiro: O Musical
Teatro FAAP
Rua Alagoas, 903 Higienópolis
Sextas e sábados, às 21h | Domingos, às 18h
Até 14 de Maio
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