Sei que já contei por aqui, mas se sou apaixonado por musicais, isso tem grande influência de Jean Valjean. Não o de Hugh Jackman e tampouco o de Daniel Diges, mas o Jean Valjean de Marcos Tumura, que me encantou logo em sua primeira cena maltrapilho e respondendo pelo número de prisioneiro 24.601.
Marcos Tumura deixou sua cidade natal Curitiba para descobrir o musical no Rio de Janeiro, integrando o elenco de Splish Splash em 1987. E lá conheceu um dos grande amores de sua vida, Cláudia Raia, que atuava na produção juntamente com Raul Gazolla, Lucinha Lins e Cláudio Mauro.
Com Cláudia, dividiu o palco em Não Fuja da Raia de 91, Nas Raias da Loucura de 92 e Caia na Raia em 1995. Em 1999, esteve em Rent, um dos marcos do musical brasileiro, por trazer a essência de uma produção da Broadway para o Brasil.
E em 2001, na consolidação das grandes produções musicais adaptadas para o português, liderou o elenco de Les Misérables na estreia do Teatro Abril [hoje Teatro Renault]. Foi ali, ao lado de nomes como Saula Vasconcelos, Kiara Sasso e Sara Sarres que conheci a voz de Tumura. E o acompanhei em muitas das suas canções seguintes.
Ouvi cantando “Seja Nossa Convidada” em A Bela e a Fera, em O Fantasma da Ópera, em Cabaret, sendo festejado em Raia 30 e finalmente, puxando um baseado na melhor cena do espirituoso Forever Young.
Nesse último em especial, um musical leve e divertido sobre artistas na melhor idade, Tumura se destacava como o roqueiro hippie mal humorado que no final, deixava uma grande mensagem para o público, que tentamos captar em nosso Instagram.
Envelhecer é inevitável, sofrer com isso é opcional.
Infelizmente, Tumura nos deixa aos 47 anos, resultado de um ataque cardíaco fulminante após uma partida de vôlei.
Uma pena ter chegado na “melhor idade” apenas na ficção. :_(